terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O "AMOUR" de "RUST AND BONE": os melhores de 2012.

Michael Haneke filma "AMOUR" um filme neo-realista com Jean Louis Trintignant de "O Conformista" (70) e Emmanuelle Riwa de "Hiroshima mon Amour" (59).
O filme é sobre a pacata vida de uma "professora de piano" e seu marido. O filme foi feito com uma edição lenta e tem bela fotografia Vermeeriana de Darius Khondji.
Seu marido (Trintignant) acaba tendo que cuidar da mulher e como resultado temos um belo estudo sobre a  demência na idade avançada.
Este ano ainda tivemos, com a mesma temática, o badaladinho "Intouchables" que acaba sendo brincadeirinha de criança perto de  "Amour" e "Rust and Bone".
O francês "Rust and Bone" de Jaques Audiard que dirigiu "O Profeta"(2009) é realmente ácido e na minha opinião reinventa o drama americano usando sensibilidade poética e ótimas interpretações.
"Marion Cotillard" e o brutamonte "Matthias Shoenaerts" de "Bullhead" interpretam um casal onde um tem cicatrizes físicas e o outro cicatrizes psicológicas.
Destaque para a trilha com músicas do indiezinho Bon Iver e a inserção de "Firework" de Kate Perry num
momento totalmente inusitado do filme.
Esse filme é tão intenso com cenas de CGI (computacionais) da perna acidentada de Cotillard que o final convencional passa desapercebido.
O filme ainda nos brinda com uma cena do POV de uma Orca no acidente de Cotillard.


Amour




Rust and Bone





terça-feira, 20 de novembro de 2012

De Jueves a Domingo - 2012

O primeiro filme da diretora chilena Dominga Sotomayor Castillo mostra sua força na direção de fotografia e simplicidade do roteiro.
A proposta é simples: um road movie que mostra a crise de um matrimônio durante a viagem de um casal e seus 2 filhos ao norte do Chile.
Desde o começo a diretora de fotografia Barbara Alvarez usa ângulos obtusos e claustrofóbicos para mostrar o espaço íntimo de uma família dentro de um carro.
Barbara Alvarez já fez belos trabalhos de câmera em "La Mujer sin Cabeza " (2008) de Lucrécia Martel, A vida dos Peixes (2010) e Whisky (2004).
Para mostrar o relacionamento familiar em todos os estados de ânimo a diretora optou por um filme lento e sem ação nenhuma revelando a monotonia do cotidiano.
A linguagem visual fotográfica e o naturalismo cassavetiano onde as crinças interpretam  sem ler o roteiro são os pontos altos do filme, que ganhou prêmios no Festival de Roterdã e no Festival de Cinema independente de Buenos Aires.
Para contrapor a impaciência e insegurança  vivida pela família temos ainda a inserção da bela canção "Quiero dormir cansado" de Manuel Alejandro.

http://www.imdb.com/title/tt1398991/

sábado, 1 de setembro de 2012

Elefante Blanco 2012 - Pablo Trapero

O novo filme do diretor  argentino Pablo Trapero impressiona mostrando uma história áspera e cheia de malícia. Aliás cheia de malícia também é sua técnica de filmar que num plano sequência sai de cima de um prédio, desce uma escadaria e percorre 4 quarteirões até chegar na porta da igreja.
A seqüência é de tirar o fôlego de qualquer cinéfilo.
Depois do ótimo Carrancho (2010) Trapero usa os mesmos atores Ricardo Darin e sua mulher Martina Gusman em belas interpretações.
Os filmes de Trapero são um pouco diferentes dos filmes argentinos principalmente pela temática social e conflitos humanos e dialogam um pouco com nossos Central do Brasil e Cidade de Deus.





http://www.imdb.com/title/tt2132324/

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Clash by night - Fritz Lang 1952


Época de ouro do cinema norte americano. Todos no auge.
Filme sobre traição e relacionamento muito atual.
Gosto muito como Lang aborda a indecisão feminina.
Dá a impressão que estamos vendo um  filme em alta definição de tão boas que eram as fotografias e os enquadramentos.
Marilyn Monroe fazendo meus filmes preferidos (1950 -1955).
Robert Ryan ator de ótimos filmes noir.
Barbara Stanwyck de Double Indemnity.



http://www.youtube.com/watch?v=y-rb7jSRf88&feature=relmfu

http://www.imdb.com/title/tt0044502/

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Los colores de la montaña - 2010

Filme de estréia do diretor colombiano Carlos César Arbeláez.
A película foi a indicada da Colômbia para o Oscar de filme estrangeiro em 2012 e venceu o Kutxa-Nuevos Directores em San Sebástian.
É uma história simples mas com um pano de fundo bem sério.
A situação política da Colômbia nas últimas décadas envolvendo as lutas populares com os paramilitares deve ser conhecida e serve de teia para o filme.
O roteiro surpreende e os mini atores amadores dão um ar um pouco menos ficcional ao filme.
A Colômbia tem hoje em dia uma fraca produção cinematográfica e este filme deve motivar um começo para outras produções. A película se enquadra nos moldes sul americanos muito bem dirigidos e com caprichados planos. Reparem nas cores que ao longo do drama vão perdendo intensidade mostrando como a situação das crianças vai ficando cada vez mais triste.

http://www.imdb.com/title/tt1715853/

terça-feira, 31 de julho de 2012

Le petits mouchoirs 2010

O terceiro filme do ator-diretor Guillaume Canet não ganhou nenhum prêmio internacional e não mostra nenhuma inovação estética e visual. O filme tem na direção de atores seu ponto forte.
O filme se sustenta e não perde o ritmo principalmente pela bela escolha de casting. Não é a primeira vez que o diretor explora um cinema não-francês. Seu filme anterior "Não Conte à ninguem (2006)" mostra forte influência hitchcockiana e de suspense.
Neste começa oferecendo um belo plano de um acidente de moto.
Claro que o diretor viu muitos filmes de Cassavetes e até de Woody Allen, mas a tentativa de filmar um dramalhão de chorar (como diz o próprio nome "lençinho") é evidente.
Outro ponto forte do filme é a forma como o diretor mostra a geração que hoje tem 40 anos.
Ao contrário do filme "The Big Chill (83)" de Lawrence Kasdan, os quarentões de hoje não estão interessados em lutar por algum ideal ou chorar as pitangas pelos sonhos não atingidos na adolescência. Vale a pena conferir os atuais atores do cinema francês em ação.
Marion Cotillard está grávida no filme e na vida real também espera um filho de Guillaume Canet.
François Clouzet, Gilles Lellouche, Laurent Lafitte e Benôit Magimel arrastam muita gente ao cinema na frança. Há também uma ponta do vencedor do Oscar Jean Dujardin. Há muitas críticas negativas ao filme, mas analisando o filme sob uma lente não francesa talvez possamos desfrutar e aproveitar este ótimo filme.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

2 filmes

Ultimamente ando muito impressionado com filmes estrangeiros.
 Gostei muito de "The Human Resources Manager" (2010) de Eran Riklis. Riklis é um diretor israelense e já havia filmado "Lemmon Tree" (2008) e "A Noiva Síria" (2004). Neste mostra como um gerente de Rh de uma padaria tenta evitar críticas de Direitos Humanos por não se importar com a demissão de uma funcionária romena, que foi morta num ataque terrorista em Jerusalém. Aliás a tentativa do Estado de Israel de estar em dia com os Direitos Humanos vem sendo uma constante nos últimos anos. Candidato de Israel para o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011.
Outro filme que merece destaque é "L'Apollonide (Souvenirs de la maison close)" (2011) do francês Bertrand Bonello. O filme mostra a vida de prostitutas na frança em 1899. Foi indicado para a Palma de Ouro em Cannes em 2011.


Human Resources Manager 2010


L'Apollonide (Souvenirs de la maison close)" (2011)


Michael - 2011 de Markus Schleizer (Áustria)

Novamente o cinema austríaco coeso como nunca.
"Michael" conta a história de um pedófilo que mantém um garotinho de 10 anos aprisionado no porão de casa. O filme é tenso e o roteiro direto e inicialmente  levou vaias na sua  exibição na Competição de Cannes em 2011. O diretor Markus Schleizer, que foi diretor de casting de Haneke e Ulrich Seidl, consegue criar um pedófilo que leva uma vida normal. É isto o que mais impressiona em "Michael", que foi concebido com o incentivo do próprio Haneke nos sets de filmagem de "A Fita Branca" (2009). A escolha de atores é o outro segredo do filme assim como a filmagem com cortes bruscos que lembra muito os filmes de Michael Haneke e os filmes dos irmãos Dardenne. Muitos escreveram que é uma tentativa de humanizar o monstro, mas na verdade é o perfeito registro desta patologia na sociedade que vivemos. Schleizer disse numa entrevista que pensou muito na atual sociedade e quis fazer um filme amplo inclusive contando com a ajuda de uma psiquiatra forense (Dr. Heidi Kastner). Gosto muito da influência direta que o diretor sofreu do alemão Michael Haneke principalmente quando filma por sugestão fazendo com que as cenas nunca apareçam, ficando sempre implícitas. Schleizer cria cenas sufocantes quando mantém os planos no limite do quadro e só extrapola essa idéia no "travelling" com um garotinho no Kart indoor. A cena onde Michael (Michael Fuith) canta o tema "Sunny" deixa claro o senso de ironia que Schleizer quer mostrar. Geralmente os cinéfilos lembram só de Haneke, mas na Áustria há também o diretor Ulrich Seidl com seu "Dog Days" (2001) e o próprio Karl Markovics "Atmen" (2011)  criando uma escola cinematográfica única.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Céu Sobre os Ombros 2010 - Brasil

Interessantíssima esta dualidade ficcção/documentário no filme de Sérgio Borges. A impressão é que quando documental torcemos para ser uma ficção e vive versa. Filmado de um jeito simples mas com enquadramentos e montagem únicas, a bem da verdade é que nunca tinha visto um filme brasileiro tão naturalista. Três personagens e suas  malucas vidas são retratadas de um jeito áspero nunca evidenciado no cinema. É a pura narração da vida real. O filme se passa em Belo Horizonte e ganhou o Festival de Cinema de Brasilia em 2010.

http://site.oceusobreosombros.com/

quarta-feira, 16 de maio de 2012

ATMEN Breathing 2011

O diretor Karl Markovics dá continuidade ao frescor e criatividade do cinema austríaco. Até me faz lembrar Haneke no começo de carreira. Me surpreendi com este filme que tem montagem milimetrada e belos takes de wide com cores de paleta azul e cinza. Ultimamente ando assistindo ótimos filmes sobre jovens com destaque para "O Garoto Da Bicicleta" e "We need to talk about Kevin". ATMEN é forte e atua na moral pois destaca um garoto saindo do reformatório e procurando emprego numa funerária. A cena romântica citando Desencanto de David Lean desencanta de tão intenso que é o roteiro e a interpretação.


domingo, 8 de abril de 2012

Shame - Steve Mcqueen 2011















A maioria dos comentários sobre o filme falam sobre um viciado em sexo andando em Nova York. Acontece que o filme é muito mais que isso. Steve Mcqueen consegue neste seu segundo filme uma espécie de continuação do seu anterior "Hunger" (2008). Só que em Hunger, seu ator predileto Michael Fassbender vive um preso político em greve de fome que não consegue sua liberdade. Shame mostra o personagem Brandon com todas as liberdades e consumo desregrado mas preso em seu vazio interior. Mcqueen consegue rechear seu filme com contrastes e linguagem simbólica. A desorientação do indivíduo e o vazio que se instalou na moderna sociedade de consumo de massas vai sendo filmado numa Nova York gélida e sem profundidade. Só conseguimos ver paredes e na única cena onde temos uma visão mais ampla e panorâmica da cidade podemos ver um apartamento com gigantes vidros onde Brandon tenta sair de seu mundo e entrar numa espécie de relacionamento sério com uma colega de trabalho. Mas Brandon continua usando o sexo para fugir de si mesmo e a cena do restaurante mostra a total ausência de prazeres quando pouco importa o vinho e o prato a ser pedido. Brandon faz um personagem niilista ao estilo Albert Camus, um L'étranger pós-moderno. Carey Mulligan está ótima no papel da irmã principalmente na cena do sofá onde o fundo de um desenho animado sem contraste remete a traumas subliminares de uma infância conturbada. A sexualidade anônima, o prazer submisso e o masoquismo fazem com que Brandon provoque uma briga de bar na qual ele apanha numa espécie de autoflagelo e autopunição.



Englishman in New York




É preciso muita responsabilidade para filmar em New York principalmente num filme com muitas cenas de rua e imagens da cidade. Mcqueen se mostra à altura dos belos filmes filmados em NY. Na ótima cena onde Carey Mulligan canta "New York New York" em tempo real todos os elementos da tradição se fundem. Aliás Mcqueen adora planos longos e no seu filme anterior "Hunger" há uma cena arrasadora de uma conversa dentro da lanchonete da prisão. Não menos impressionante é a cena do jogging onde num plano só temos a idéia de impasse e indecisão. A produção é britânica e o filme já venceu o Fipresci Prize do Festival de Veneza.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Os Gatos e Cachorros de Sorin




El Gato Desaparece - Carlos Sorin - 2011



Novamente o cinema argentino em ótima forma neste suspense psicológico de Carlos Sorin.

Um filme modesto mas que tem ótima atuação de Luis Luque e fotografia luxuosa de Julián Apezteguia (Carancho).

Ando assistindo cada vez menos filmes americanos e cada vez mais impressionado com os filmes ao redor do mundo.

Começar pela Argentina sempre foi uma boa escolha.

Aulinha de cinema dos hermanitos.

sábado, 10 de março de 2012

Carnage (Roman Polanski, 2011)



O trabalho dos atores é o destaque do novo filme de Polanski que em 80 minutos disseca a sociedade americana e discute valores morais intrínsecos no ser humano. O filme é todo filmado em uma sala e tem um poder Buñueliano incrível. Polanski no seu auge assim como atuações magníficas de Jodie Foster, Kate Winslet, Christoph Waltz e John C. Reilly.



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

balanço dez 2011 e jan 2012

só o titulo de alguns que achei que merecem destaque:

We need to talk about kevin - Lynne Ramsay
The Descendants - Alexander Payne
Era uma vez na anatolia - comentario abaixo
The ides of March - George Clooney
A Pele que habito - Almodovar
Midnight in Paris - Woody Allen

e um de 2009 -
El hombre de al lado - Mariano Cohnn, Gastón Dupratt

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Once upon a time in Anatolia - 2011 Nuri Bilge Ceylan




Geralmente nos filmes policiais dos anos 40 os diretores conseguem a expressão máxima de suas idéias visuais e narrativas. O filme de Nuri Ceylan (Turquia-Bósnia) consegue em seus 157min dissecar os personagens um por um usando planos longos e revolucionando a meneira de contar um filme.

O ótimo diretor de fotografia Gokhan Tiryaki filma a primeira hora do filme com a iluminação de faróis de 3 carros. Não menos impressionantes são as cenas numa vila toda iluminada por luzes de vela.

O design de som une os planos para que este filme policial naturalista ganhe ritmo.

Quase todo filmado em tempo real os diálogos entre os personagens são brindados com a bela sequencia final onde o cadáver da vítima é dissecado assim como a personalidade dos integrantes da trama.

Este filme é uma tese sobre cinema e venceu o Grande Premio do Juri no Festival de Cannes 2011.

Deve ser visto em tela grande para valorizar o efeito widescreen e as belas paisagens da estepe turca. O filme é digital o que dá mais valor ainda para a plástica das imagens. Foi indicado pela Turquia para concorrer ao Oscar 2012 de Melhor Filme Estrangeiro e acabou não sendo selecionado.