Novamente o cinema austríaco coeso como nunca.
"Michael" conta a história de um pedófilo que mantém um garotinho de 10 anos aprisionado no porão de casa. O filme é tenso e o roteiro direto e inicialmente levou vaias na sua exibição na Competição de Cannes em 2011. O diretor Markus Schleizer, que foi diretor de casting de Haneke e Ulrich Seidl, consegue criar um pedófilo que leva uma vida normal. É isto o que mais impressiona em "Michael", que foi concebido com o incentivo do próprio Haneke nos sets de filmagem de "A Fita Branca" (2009). A escolha de atores é o outro segredo do filme assim como a filmagem com cortes bruscos que lembra muito os filmes de Michael Haneke e os filmes dos irmãos Dardenne. Muitos escreveram que é uma tentativa de humanizar o monstro, mas na verdade é o perfeito registro desta patologia na sociedade que vivemos. Schleizer disse numa entrevista que pensou muito na atual sociedade e quis fazer um filme amplo inclusive contando com a ajuda de uma psiquiatra forense (Dr. Heidi Kastner). Gosto muito da influência direta que o diretor sofreu do alemão Michael Haneke principalmente quando filma por sugestão fazendo com que as cenas nunca apareçam, ficando sempre implícitas. Schleizer cria cenas sufocantes quando mantém os planos no limite do quadro e só extrapola essa idéia no "travelling" com um garotinho no Kart indoor. A cena onde Michael (Michael Fuith) canta o tema "Sunny" deixa claro o senso de ironia que Schleizer quer mostrar. Geralmente os cinéfilos lembram só de Haneke, mas na Áustria há também o diretor Ulrich Seidl com seu "Dog Days" (2001) e o próprio Karl Markovics "Atmen" (2011) criando uma escola cinematográfica única.
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